Páginas

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Em busca de um coração!

No ano passado eu tive a grande oportunidade de ir para São Paulo, mais precisamente Capinas, para passar uma semana fazendo um curso de Visual Studio Team System, coisas de programador que realmente não estou a fim de explicar. Fomos eu e mais três colegas que fazíamos parte do mesmo projeto na faculdade.

Os dias foram passando, acordávamos as cindo e meia da manhã, pra dar tempo de tomar café e estarmos às sete horas no carro, já que às oito horas começava o nosso curso. O curso ia de oito da manhã até as seis da tarde/noite. Então quando estava faltando dois dias pra irmos embora, já não aquentávamos mais ficar nessa de hotel-aula-hotel resolvemos que iríamos para o shopping.

Chegando ao shopping, logo na entrada um quiosque da FOM. Pra quem não sabe o que é FOM, é uma marca de umas almofadas altamente viciantes de ficar pegando, mas é tão viciante que não adianta eu tentar descrever como é bom. Logo quando vi já fui procurar alguma coisa pra comprar pra trazer pra minha namorada. Fiquei olhando e vi um coração, perguntei quando tava ela me falou o preço. Como eu não tenho costume de andar com dinheiro na carteira disse pra ela que ia ao banco tirar dinheiro e que já voltava, e que era pra ela embrulhar pra presente.

Fui ao banco, tirei o dinheiro e voltei lá com a vendedora, quando fui chegando já vi que ela estava com um sorrisinho meio sem jeito na cara. Assim que cheguei, ela me disse que não tinha mais em estoque aquele coração, só tinha o que tinha no mostruário, que estava meio encardido do povo que passava pegar. Falei pra ela que não queria aquele, que podia deixar pra lá, mas na mesma hora ela disse que ia ligar pra outra loja pra ver se conseguia um novo pra eu levar, mas o que ela não me falou é que a loja era em outro shopping. Falei pra ela que estava lá só por uma semana e que aquele era meu penúltimo dia em Capinas.

Acabou que ela pegou meu telefone pra me ligar se conseguisse o coração pra eu pegar no outro dia. E foi exatamente o que aconteceu. Só teve um problema, todo dia na volta do curso pra o Hotel nós passávamos na frente do shopping, mas até a hora que passamos na frente ela não me ligou. Um pouco antes de chegarmos ao hotel a vendedora me ligou dizendo que o coração estava lá e que eu podia ir pegar. Falei pra ela que tudo bem, que iria lá mais tarde. Mas agora como eu iria bater lá no shopping? Não tinha condições de eu pegar um taxi pra ir  lá, ficaria muito caro pra mim, o único jeito de eu pegar o coração era ir pra parada e pegar um ônibus. Mas sabe como é né? Pagar um ônibus em uma cidade grande que você não conhece é osso e ainda mais sozinho.

Fui falar com meus colegas pra ver se algum deles iria comigo, mas um ia falar com a namorada na internet, outro estava muuuuito gripado ao ponto de dar pena mesmo e o últimos estava melhorando de uma gripe que tinha pegado lá também e que já fazia dois dias que ele estava arriado. Logo ou eu ia sozinho ou não levaria o coração para Jacqueline. Como eu sou um namorado, com toda modéstia, do melhor tipo, resolvi que iria sozinho mesmo comprar o coração.

Informei-me onde pegava um ônibus pra o shopping que queria ir. Pra chegar lá foi fácil. Encontrei logo a parada e fui rumo ao shopping. Chegando ao shopping fui direto lá comprar o coração. Depois desci para a praça de alimentação, tomei um bom e velho milk-shake do BOB’s. Dei um tempo por lá, mas estava me sentindo meio deprimido lá sozinho no meio daquele monte de gente e resolvi voltar pra o hotel. Informei-me de novo onde pegar o ônibus pra o perto do Hotel, esperei uns 15 ou 20 minutos pelo ônibus.

Já dentro do ônibus fui tentando reconhecer por onde ele estava indo, o pior é que eu acho que ele fez um caminho que eu nunca tinha visto. Pense numa sensação ruim é essa, de você não saber onde está. De repente ele entrou num lugar mais movimentado que pra mim parecia alguma coisa perto de onde ficava o hotel que eu estava. Pedi pra o cobrador me avisar onde descer.

Desci do ônibus em uma rua bem estranha e eu realmente não sabia direito onde estava. Fui andando, as ruas ali eram bem estranhas. Fui andando e andando até que chegou uma hora que eu achei que estava andando para o lugar errado, resolvi mudar de direção e pegar uma rua à esquerda. Essa rua não era bem uma rua, era meio que uma ruaelazinha, daquelas que não passa carro, e lá eu me senti naqueles filmes de terror ou de assassinato.

A rua era muito mal iluminada e de paralelepípedo. Enquanto estava caminhado por ela passei por uma prostituta, ou pelo menos eu acho que era pelo jeito que ele ficou me olhando, sabe aquele olhar “vem pra cá gostoso...”, eca gosto nem de lembrar. Depois de mais um tempo andando passei por um cara sentado no chão fumado alguma coisa que eu acho que não era um simples cigarrinho não. Fiquei morrendo por dentro, mas por fora tava com cara de mal pra ver se ninguém mexia comigo. Mais um tempo caminhando e eu olho pra traz e não vejo nem prostituta, nem fumante nem nada, só aquele visão de filme de terror...

Até que saí numa rua que eu reconheci porque tinha andado por ali assim que chegamos. Subi uma ladeira enorme que tinha pra chegar no hotel. Graças a Deus eu estava bem, nada tinha me acontecido apesar de eu passar por ruas de filme de terror e tudo mais.

O que a gente não faz por quem a gente ama né?!

Certo dia, depois de eu contar essa historia pra um amigo meu ele me disse: “um homem apaixonado é um homem lascado”. Sabe o que eu respondi? Cara, É a Vida Neh?!

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Jogos (quase realmente) Mortais



Acho que todo mundo já ouviu falar daquela série de filmes Jogos Mortais, onde tem um cara que prende a galera e os faz sofrer que só a bixiga taboca* até a pessoa morrer. Pois era correndo para assistir um dos filmes da série, acho que o quinto, que aconteceu o desastre.

Eu e Elber, meu irmão mais velho, saímos do ensaio de um espetáculo que íamos participar lá em Parnamirim, uma cidade vizinha de Natal, rumo à casa de uma ex-namorada dele para pegarmos ela e a irmã e irmos ao cinema assistir “Jogos Mortais V”. Como já estava tarde da noite e faltava relativamente  pouco tempo pra começar o filme, ele correu um pouco mais na moto enquanto estávamos na BR. Entramos numa rua bastante movimentada e ele teve que reduzir um pouco a velocidade. Então vamos dizer que estávamos à 60Km/h.

Eu não sei o porquê , mas do nada eu achei que meu capacete estava meio frouxo e comecei a apertar. Elber me deu o celular dele pra ver que horas eram e tal, essas coisas que a gente faz quando está atrasado. (Inclusive eu não sei porque agente fica olhando a hora quando está  atrasado, isso não vai fazer com que o tempo passe mais devagar e na maioria das vezes nós não podemos fazer nada pra adiantar as coisa, quer ver um exemplo disso? Quando a gente está atrasado na fila do banco, o povo tem mania de ficar olhando no relógio, agora me diz, o que vai adiantar ficar olhando a hora? Pra mim, pior que isso é uma pessoa no ônibus olhando no relógio como se isso fosse adiantar alguma coisa...)

Então com o celular do Elber e com o capacete apertado continuamos nosso caminho. De repente fomos chegando a um cruzamento, mas como nos (nós) estávamos na avenida não reduzimos a velocidade. Do nada aparece um carro que cruza na nossa frente, ele estava entrando na avenida feito um doido, Elber freou tudo que deu. Eu fiquei olhando e quando estava bem perto do carro só deu tempo de falar “Caraca velho!!! PUTIS GRI ...” (BAAAHH)

Quando vi estava sentado em cima da porta mala do carro e vendo Elber se estabacar no chão junto com a moto. Nisso o carro arrancou e eu fui direto pra o chão. Eu me levantei, não estava sentindo nada de mais, fui lá com Elber que estava no jogado no chão e perguntei se estava tudo bem, ele tentou levantar e deitou de novo, disse que a perna dele estava doendo muito e que achava que tinha quebrado e que era pra eu ligar pra SAMU. Agora quem disse que eu sabia qual era o número da SAMU? Até hoje eu não sei =/. Nesse meio tempo já estava aquela ruma de gente rodeando Elber. E uma mulher disse que já estava ligando pra SAMU, aí  eu fui catar os pedaços perdidos do capacete dele enquanto não sabia o que fazer.

Um motoqueiro disse que ia atrás do carro pra pegar a placa e darmos parte na policia. Depois  de um tempo ele voltou dizendo que o carro tinha entrado nuns lugares estranhos, mas que ele tinha pego a placa, eu não anotei e não faço a mínima idéia do número da mesma , só lembrei disso quando já estava em casa deitado na minha cama.

Enquanto esperávamos a SAMU fui juntar a moto do chão. A bichinha estava toda torta, empenada, tipo, fui com o guidon apontando pra o lado pra moto poder andar pra frente, sabe como é? O tanque tinha amassado um pouco, um retrovisor ficou só o bagaço ao pé da letra, mas o mais importante estava bem... EU!!! =D

Quando a SAMU chegou com os paramédicos, ou seja lá como for o nome que se dá pra o povo que trabalha nisso, começaram com aqueles protocolos deles de fazer perguntas, ver  se a pessoa está consciente  e tal. De repente do nada Elber me chama e diz “Ei boy, tira foto aí de mim.” Eu fiquei olhando assim como quem diz “que danado é que esse homi tem na cabeça?”, mas o pior mesmo foram as caras dos paramédicos. Eles ficaram sem entender nada. Eu falei pra eles esperarem só um pouquinho que eu ia tirar uma foto dele. Eles já estavam pra levar ele pra cima do carro.

Depois das fotos devidamente tiradas, Elber foi colocado na parte de trás da ambulância e eu fui no banco da frente. Quero dizer que nunca andei em um banco tão confortável. Parece que o banco fica em cima de uma bolha de ar. Ai é que começou a parte difícil da coisa. Sobrou pra eu ligar pra, na época, namorada dele e pros meus pais.

Liguei logo pra namorada dele que já estava me ligado umas 50 vezes e eu sempre desligando. Depois liguei pra meu pai pra avisar o que tinha acontecido, não liguei pra minha mãe porque se não eu matava ela do coração, aí acabei ligando pra meu pai mesmo. Falei pra ele o que tinha acontecido. Ele até que manteve a calma.

Chegamos ao hospital, levaram Elber pra uma salinha de emergência. Nisso meu pai chegou com minha mãe já chorando. O médico depois de dar uma olhada no Elber disse que não tinha quebrado nada, que ele podia ir pra casa, tomar uns remédios pra dor e cuidar das feridas. Quando estávamos saindo, chegou a namorada dele meio que chorando também junto com os pais.

Minha mãe depois que me viu, perguntou se eu estava bem, eu disse que só estava com dor na bunda porque tinha caído do porta malas do carro quando o carro arrancou. Ela me fez ir lá com o médico, ou era um enfermeiro sei lá, pra dizer pra ele que minha bunda estava doendo. Ele disse que se ficasse doendo muito era pra eu tomar um remédio pra dor.

Bem, três dias depois já não estava sentindo mais a dor da queda. Elber passou um bom tempo pra melhorar a perna, mas de qualquer forma ainda conseguiu se apresentar dançando no espetáculo que estávamos ensaiando.

E graças a Deus estamos vivos e andando de moto ainda, afinal de contas não é por causa de uma queda que vou parar de andar de moto, eu entendo que isso É a Vida Neh?!

*bixiga taboca: é uma gíria nordestina pra dar a idéia de aumentativo tipo: “pra caramba”

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Olha a pedraaaa!!!!

Depois de muito tempo sem escrever, resolvi contar uma das muitas historias da minha infância.


Só para situar os leitores, eu nasci em Manaus – AM, mas com dois meses já estava fazendo minha primeira viagem a caminho de Tabatinga, uma cidade no interior do estado que faz divisa com a Colômbia.


Quando eu estava com meus nove anos, mais ou menos, eu morava numa outra cidade também no interior do Amazonas chamada Itacoatiara, que significa pedra pintada em alguma língua indígena. Nós morávamos na casa pastoral de uma das igrejas da denominação da qual fazíamos parte. Bem ao lado da casa ficava o terreno da igreja, um terreno bem grande e cheio de goiabeiras.


Depois de um tempo que estávamos lá, a denominação resolveu que iríamos construir um novo prédio para a igreja. Um prédio maior, já que nossa igreja estava crescendo e tudo. Então começou a construção. A igreja seria realmente alta e bem grande, e logo na entrada teria aquele lugar que é tipo um primeiro andar onde fica a mesa de som, bem lá no funda da igreja. Também conhecido como GALERIA. Acho que você sabe como é, neh?


Certo dia, estávamos eu e uns amigos meus brincando de “guerrinha”. A “guerrinha” era da seguinte forma, uns subiam pra galeria e os outros ficavam lá em baixo no meio da construção da igreja. Cada um pegava o que conseguia e tacava no outro grupo. Na maioria das vezes eram pedras mesmo, pois o que não faltava era entulho no meio da construção. Então já sabe, neh?! Era pedrada pra tudo que é lado.


Nesse dia fui um dos que ficou pra parte de cima. Lá era bom porque tinha um parapeito que servia de escudo para nós lá de cima. Aí começou. Era pedra pra cá, pedra pra lá, aquela loucura. De vez em quando um pegava um tijolo e gritava “olha a booombaaaaa...”, e ai, meu amigo, era moleque correndo pra tudo que era lado pra não levar tijolada na cabeça.


No meio dessa “brincadeira sadia”, eu fui me levantar pra jogar uma pedra nos caras lá em baixo. Assim que minha cabeça apareceu acima do parapeito... “BAH!!” Eu só me lembro da pancada na cabeça, mas como a brincadeira estava boa, nem senti nada. Abaixei pra dar aquela velha esfregada onde a pedra tinha me atingido e voltei a jogar as pedras nos “amigos-inimigos”. De repente eu sinto o suor escorrendo na minha testa, mas no frenesi da brincadeira enxuguei o suor com o braço e... Mais pedrada nos caras. La (Lá) pelas tantas, percebi que não parava de suar! Já tinha enxugando minha testa umas 3 vezes e então olhei pra meu braço. Sim, foi aí que bateu o desespero! Meu braço era só sangue! Eu não estava suando, EU ESTAVA SANGRANDO!!!


Dei um grito dizendo que estava sangrando, pra o povo parar de jogar pedra e fui pra uma torneira que tinha perto da construção. Lavei meu braço e minha cabeça e depois fui pra casa.


É verdade, graças a mim a brincadeira acabou. Não me lembro de minha mãe brigando comigo e nem tenho a cicatriz do corte, mas não esqueço nunca dessa pedra na minha testa.


Afinal de contas, essas coisas acontecem. É a Vida Neh?!